domingo, 21 de novembro de 2010

Amores imperfeitos

Atenção: O Conteúdo aqui escrito é homossexual/Slash/Yaoi/Gay. Por favor, se não gosta, sente ojeriza ou qualquer outro sentimento dessa espéciel, retire-se ou passe para a postagem seguinte. Obrigada.

Fandom/Mundo: Supernatural (todos os direitos reservados a Eric Kripke).

Casal/Ship: Dean/Castiel
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros. Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...¹

Dean virou-se na cama apertada para melhor contemplar o homem deitado ao seu lado. Na realidade ele até estava um pouco surpreso. Não sabia que anjos dormiam... Ficou de lado apoiando o cotovelo no travesseiro e a cabeça na mão. Vasculhou cada pedacinho daquela pele leitosa que subia e descia no ritmo lento da respiração, as pálpebras fechadas escondendo o céu, os lábios estavam entreabertos como se pedissem um beijo – mas Dean aguentou-se severamente –, engoliu, miserável, em seco. Passara uma noite com Cas, mas não uma noite qualquer, eles fizeram sexo (ou seria amor?). Nunca se imaginou com nenhum homem, nunca se imaginou naquela situação. A dúvida corroía. Suas mãos, seu corpo, estavam ávidos para repetir a cena da noite passada. Não precisava ser ali, podia ser no estacionamento, de pé, na cozinha, na pia. Só queria que quem o domasse fosse Castiel e ponto (ou vírgulas, para repetirem o feito várias e várias vezes).

Pensou no que diriam se por um acaso descobrissem, pensou no que Sam e Bob pensariam ou no que os demônios poderiam fazer – e, quem sabe, até Deus (seria heresia?). Temeu em um instante breve. Uma gota de suor formou-se no topo de sua testa e desceu marota por todo o seu rosto, lembrando a ele que existiriam vários acontecimentos dali em diante, em um futuro incerto. Molhou os lábios com saliva, a boca estava seca, precisa beber um pouco – talvez encher a cara resolvesse. Quem sabe fosse um sonho, embora não quisesse que fosse, aquilo fora maravilhoso demais e era homem o bastante para admitir isso, mesmo que só consigo mesmo. Aproximou o corpo para mais perto, aconchegando-se na quentura daquele anjo – que em sua concepção jamais seria caído –, sentiu o cheiro, tocou os dedos naqueles poros macios sentindo a textura. Estava se sentindo como naqueles amores de cinema, mas não ligou para aquele pensamento aleatório, tinha outras coisas mais importantes naquele momento. Embora fosse um pouco complicado não pensar em seu merecimento, ele tinha direito àquela atenção toda (aquele sentimento todo) de um anjo? Sua boca secou novamente, mas a leve tensão em seus ombros o impediu de molhar os lábios novamente. Deus não os perdoaria.

De repente as pálpebras se abriram (o céu amanheceu) e os azuis encaram os verdes. Aquele azul que parece que devoraria sua alma, aquele azul que dominava todos os mistérios do mundo, aquele azul aparentemente apático, aquele azul que estava se sujando no verde.

Deus sabe que os amores são imperfeitos. – Disse. Nada mais precisava ser dito.

Os lábios se encontraram.

Dean preferiu não pensar em nada – ficaria ali por um bom tempo.

Fim.

¹: Versos de Mário Quintana.

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